Painting III / Pintura III
When I was a child I remember that I drew in expectation to feel an aesthetic feeling in the end. The first time it happened was when I painted the corridor wall with my crayons (I ran crazy to tell my parents but they didn’t even look at the drawing, they just yelled at me).
I’m painting/drawing now in expectation of that aesthetic pleasure. I never know if what I do is good or not; art or not; but if I feel that pleasure, I know that at least it means something to me, may it be art or not (however I try to educate myself a lot about art in expectation to get this feeling improved to some sort of “good taste”, but I’ll never know – so I just follow my instinct).
Quando era criança desenhava à espera de sentir o momento do prazer final, quando chega àquela altura que se olha para o que fizemos e gostamos simplesmente de olhar…
Faço estas coisas agora à espera dessa sensação de prazer que acontece no final. Nunca sei se é bom ou não, se é arte ou não, mas se sentir esse prazer, ao menos sei que significa algo para mim; seja isso arte ou não (no entanto, tento educar-me o máximo possível sobre arte para ter este sentimento mais sensível a algo considerado bom, mas nunca vou saber – por isso vou pelo instinto).
Luis Filipe Gomes
Há sempre uma insegurança mesmo nos mais consagrados. Penso que a Paula Rêgo é um exemplo disso. Outros há que não verbalizam mas que procuram no nosso olhar a aprovação.
Pode ser incapacitante artísticamente essa busca de aprovação. Julgo saber do que falo.
Por outro lado como acto de humildade permite a descoberta de experiências novas.
A criação artística deve porém libertar-se dessa necessidade interna de afago, basta já a aprovação técnica no sentido oficinal de algum trabalho que foi encomendado ou está para vender.
O consolo final de que falas é bom mas não dura muito como julgo que sabes, nem era bom que durásse.
Melhor é tempo depois perguntar "Mas quem fez isto?
Luis Filipe Gomes
A "necessidade interna de afago" é não ousar, não desagradar aos outros e ficar contente consigo.
A "humildade" é estar disponível para recomeçar; olhar de novo e reformular a questão; reafirmar a comunicação.
Mas é necessário saber quem é o interlocutor e até se é necessário que ele exista.
Presentemente na minha prática gosto de me inspirar nessa atitude desprendida que as mulheres indianas têm ao executarem o Rangoli.